O chafariz aparece no meio de nada, entre Paço de Arcos e Caxias. Mas não se deixe intimidar por isso, coloque-se a caminho. Vai valer a pena.
A tendência, para quem passa na Marginal, é olhar para o Tejo que vai, serenamente, para o mar. No entanto, esta propensão pode originar que lindos exemplares arquitectónicos de outrora nos passem despercebidos, na correnteza do lado oposto ao rio. Exemplo disso é o Chafariz Velho de Paço de Arcos. É preciso ir com alguma atenção para, a seguir à Curva dos Pinheiros, repararmos num grande chafariz, revestido a azulejos em tons de azul que parece encostado e tímido a olhar o frenesim dos carros na Marginal. A grandiosidade deste fontanário também se deve ao painel de azulejos que o rodeia. Parar perto não é fácil, tem de ser andar a pé desde o Palácio dos Arcos ou do Forte da Giribita, mas vale a pena. Chegados a este local, podemos, por minutos que se transformarão em horas, observar atentamente as imagens estampadas nos azulejos.
Visando os Descobrimentos Portugueses, originários da fábrica de Sant’Ana com pintura de Rogério Amaral, os mosaicos fazem-nos deleitar os sentidos para os pormenores das barcas, de D. Afonso Henrique, do Mar revolto, dos pormenores que prendem a atenção, ponto por ponto. Este painel foi colocado lado a lado do chafariz nos anos 50 do século passado.
No entanto, antes, mais remoto no tempo, é a origem do próprio fontanário, que data do ano de 1775, ou seja, pós-terramoto. Este grande exemplar é obra dos últimos anos do governo de Pombal, mas ao vermos a data a que foi construído podemos constatar que os chafariz apareceram tardiamente na vida dos habitantes, ou seja, em pleno século XVIII. Como seria antes? Algo lúgubre, agua potável escassa, poças imundas… por agora, o melhor, é voltarmos à beleza desta obra.
Se nos sentarmos no beiral do mesmo, olhando o rio, percebemos que a construção da marginal nos anos quarenta do século XX veio a cortar as ligações do fontanário com a terra, parecendo ficar ali ‘pendurado’, meio esquecido.
As teorias sobre a autoria do projecto visam não só o Arquitecto Mardel, bem como Reinaldo Manuel dos Santos. Qual dos dois, não se sabe, mas valha-nos, ao menos, o bom gosto do autor.
O rio parece ter um outro sentido quando ali, na pedra branca, nos sentamos.
É ir ver!
AQUEDUTO, com cerca de 1 km de comprimento, com início na nascente, marcada por uma mãe de água, desenvolve-se em cota inferior ao terreno e é interrompido por três respiradouros circulares. A MÃE DE ÁGUA é de planta octogonal, em cantaria de granito aparente, em aparelho isódomo, com alto embasamento escalonado, adaptando-se ao desnível do terreno e cunhais de cantaria, que sustentam o remate em entablamento, com cornija bastante saliente, e cobertura em domo cego, encimado por lanternim octogonal, rasgado por oito vãos retilíneos, sublinhados por friso e cornija, com fogaréu no vértice da cobertura. Possui acesso virado a S., por ampla escadaria de cantaria, com porta de verga reta e tem, em cada um dos oito panos de muro, uma janela retangular, com moldura simples em cantaria saliente e protegido por grades de ferro. INTERIOR em cantaria de calcário aparente, em aparelho isódomo, com cobertura em cúpula do mesmo material, possuindo pavimento em lajeado, no centro do qual se encontra um tanque de água, circular e com moldura saliente, constituindo a nascente. Está rodeado por bailéu de cantaria. A água deriva para uma GALERIA subterrânea, de ligação ao CHAFARIZ, de espaldar e remate superior curvo, apresenta o seu alçado principal, integralmente de cantaria, reconhecendo-se, inferiormente, a presença de um tanque retangular servido por duas bicas, e, superiormente, uma pedra de armas real (D. José) ao centro e pináculos nos extremos. No seu alçado posterior, revestido a azulejo, reconhece-se, centrada, uma bica que serve uma pequena vasca de cantaria ladeada por dois bancos retangulares ostentando igualmente revestimento azulejar.
O Chafariz da Vila de Oeiras com três bicas foi construído no século XVIII, sendo um projeto de Carlos Mardel.
A forma sinuosa do seu espaldar acentua as armas dos Carvalhos e a coroa do Marquês de Pombal.
O Chafariz de Carnaxide foi mandado construir pelo Rei D. José em 1766.
Ostenta um brasão real com inscrição em latim, onde se pode ler:
” O Fidelíssimo Rei José I
Mandou para utilidade deste povo
Correr livre esta água
No ano do Senhor de 1766″